Em nosso post de hoje iremos lhe ajudar a elaborar uma das etapas essenciais e decisivas em um pré-projeto. Estamos nos referindo à justificativa. As dicas que iremos apresentar podem ser incorporadas antes ou após o ingresso no programa de sua preferência.

Sendo assim, a primeira coisa que você precisa saber é que a CAPES tem sido cada vez mais rigorosa quanto à importância desta etapa em todo e qualquer material científico, mesmo que ele seja inicial. É uma forma de comprovar a relevância do seu estudo para a sociedade.

Logo, o primeiro ponto de vital importância para a nossa conversa de hoje resulta no entendimento do que é, de fato, uma justificativa, visto que, como afirmamos, ela tem sido cobrada pela CAPES.

O que é uma justificativa e como aparece em uma pesquisa?

A justificativa nada mais é do que uma forma de comprovar os motivos pelos quais a sua pesquisa deve existir. Se você retornar aos nossos posts anteriores, perceberá que temos discutido bastante a respeito do problema de pesquisa e essa questão está intimamente ligada com o nosso tema de hoje. Pensemos, então, nas características de uma justificativa e como ela pode aparecer em seu pré-projeto ou em seu projeto definitivo.

Via de regra, ela apresenta os motivos que tornam o seu estudo válido para a sociedade atual na qual vivemos. E, para que toda e qualquer pesquisa possa existir, ela precisa estar pautada em um problema concreto, atual ou urgente para o meio em que vivemos.

Surge daí a justificativa. Um problema de pesquisa nunca é resolvido de forma definitiva, uma vez que abrirá brechas para outras questões. Logo, na ciência, a sua missão é a de solucionar os problemas que surgem a cada dia.

É por esse motivo que a ciência nunca se esgota.

O papel social da ciência

Como afirmamos anteriormente, o conhecimento nunca se esgota e sempre abre brechas para que novas discussões possam ser feitas. Sempre precisaremos debater e estudar a respeito dos eventos, fenômenos e situações que nos afetam no cotidiano. Como eles são constantes, a própria ciência também o é.

Assim, a fim de que a sua pesquisa não seja questionada, os motivos que justificam a sua proposição devem ficar sempre muito claros. Nesse contexto, tome cuidado com problemas muito grandes e vagos, como, por exemplo, aqueles que querem “investigar um problema da sociedade”.

Esse tipo de assunto é algo muito amplo, uma vez que em uma mesma área há diversos problemas que afetam a sociedade aos quais ele se propõe a resolver. Desse modo, é preciso que você escolha somente um deles. O mesmo vale para os que desejam investigar “problemas da adolescência”, por exemplo. Temos aqui uma temática e não um problema. O principal desafio é escolher e delimitar uma vertente dentro dessa gama.

Como garantir que o meu problema é real?

Algo fundamental na pesquisa científica é garantir que estamos trabalhando com um problema real e contemporâneo. Além disso, recomendamos que você evite problemas que apontam para respostas óbvias.

Quando você se propõe a fazer um projeto, essas questões devem ser analisadas com muita atenção para que a sua pesquisa tenha um motivo para existir. Algo interessante na lógica da pesquisa é que a partir do momento em que você escolher um bom problema de pesquisa, o seu estudo fluirá de uma forma muito natural, de modo que os motivos que justificam a relevância do trabalho também ficarão muito claros, sobretudo se o método escolhido para chegar aos objetivos e responder ao problema for o mais adequado.

Embora essas questões possam aparentar serem muito óbvias, não são raros os casos de alunos que escolhem problemas que não podem ser respondidos neste momento em que vivemos.

A importância do problema de pesquisa e da justificativa

Temos percebido que muitos alunos chegam na sessão de qualificação da dissertação ou tese sem que tenham um problema de pesquisa bem definido. Se essa pesquisa não tem um problema, com toda a certeza, os professores apontaram que não há um motivo capaz de justificar a sua existência, o que pode fazer com que todo o seu esforço tenha sido em vão até o momento.

É por esse motivo que a justificativa é fundamental para qualquer pesquisa. É ela que apresenta subsídios para que possa defender a relevância de seu estudo para a sociedade. A partir disso, podemos pensar um pouco nas formas a partir das quais podemos elaborar essa etapa da pesquisa.

O primeiro cuidado que você precisará tomar ao elaborar essa justificativa diz respeito à análise dos achados de estudos anteriores. Eles sempre abandonam alguma lacuna e é com esta que você irá trabalhar em sua própria pesquisa. Não é possível que consigamos delimitar um tema e um problema de pesquisa sem a realização de uma pesquisa.

Por que devemos conhecer nosso tema de pesquisa?

É por meio da análise dos resultados encontrados por outros pesquisadores que conseguiremos chegar a um tema e a um problema de pesquisa que sejam coerentes para a sociedade e para o momento em que estamos vivendo. Em outras palavras, podemos afirmar que é essencial que você conheça muito bem o panorama geral de seu tema.

É preciso que faça uma pesquisa prévia para poder entender o que tem sido falado sobre o tema e para que saiba até onde esses autores já chegaram com a discussão desse assunto. Essa pesquisa é essencial para que você saiba se o seu problema de pesquisa já foi tratado por outros estudos e de que forma, porque você pode trabalhar com o mesmo problema e chegar a resultados muito diferentes dos que já foram apresentados por outros pesquisadores. Algo que pode lhe ajudar a chegar ao seu problema é a análise das lacunas deixadas pelos estudos que você leu.

Como chegar às lacunas deixadas por estudos anteriores?

Algo que tem facilitado e muito a nossa vida é o fato de que os autores têm apontado as limitações de suas pesquisas no tópico das considerações finais. Você pode chegar a um problema de pesquisa levando em consideração uma das limitações deixadas por tais estudos.

Nas considerações, há, inclusive, as indicações para estudos posteriores, o que pode lhe ajudar a otimizar a sua delimitação do problema de pesquisa. Um outro mecanismo que também pode lhe ajudar a chegar até essas lacunas de pesquisa é o recurso do estado da arte.

Ele fará com que você saiba quais são os estudos mais recentes na área que deseja investigar e quais foram as limitações encontradas nos últimos anos. A apresentação de uma visão inédita sobre esse problema fará com que a sua pesquisa seja original e tenha motivo para existir.

Como uma pesquisa pode se originar de outra pesquisa?

Suponhamos que você tenha como objetivo investigar a temática da sustentabilidade, porém, este é um tema muito amplo. Vamos afunilar esta pesquisa. Digamos que você tenha delimitado a questão do sequestro de carbono. Você irá analisar essa questão em um local específico, junto a um grupo igualmente específico.

Assim, durante a realização dessa pesquisa surge uma questão: Quais são os tipos de plantas que poderiam ser utilizadas para limpar o ar de uma maneira mais eficiente, acessível e a longo prazo? Essa é uma ótima questão para se trabalhar, entretanto, o objetivo da pesquisa que está sendo realizada é outro.

Desse modo, você encontra nessa questão uma limitação de pesquisa e uma indicação para um outro estudo futuro. Ou seja, isso quer dizer que é possível e muito provável que, independentemente do tipo de pesquisa que você faça, você esbarre em uma ou mais lacunas que outros estudos deixaram, o que pode dar origem a novos estudos.

 A importância das indicações para estudos futuros

Embora muitos entendam as limitações encontradas por uma pesquisa como algo ruim, na verdade, é algo muito benéfico para a própria ciência, uma vez que são essas restrições que fazem com que estudos contemporâneos e inéditos surjam a cada dia nos mais diversos locais de todo o globo.

São as lacunas deixadas por esses estudos, que aparecem na forma de indicações para estudos futuros, que você encontrará subsídios que justifiquem a existência de sua própria pesquisa.

Além disso, há um outro tipo de justificativa que pode lhe ajudar a comprovar a necessidade do seu estudo para a sociedade na qual vivemos. Estamos nos referindo a falta de estudos sobre essa temática em específico.

O estado da arte, nesse sentido, pode lhe ajudar a comprovar que não há estudos ou que essa quantidade é pouco significativa e que por esse motivo você deseja realizar essa pesquisa em específico.

O que fazer quando a literatura sobre o assunto é escassa?

Esta é uma questão que muito tem preocupado os nossos pesquisadores, pois há certos temas que ainda possuem uma literatura muito incipiente. O que fazer nesse caso? Embora seja uma questão desafiadora, essa é justamente a sua justificativa, pois você está demonstrando que não há materiais suficientes sobre um tema que é atual e relevante para a sociedade na qual vivemos hoje.

Nesse sentido, apenas para retomar as nossas possibilidades de justificar um tema, vamos mencionar as estratégias até aqui apresentadas. Em primeiro lugar, as lacunas deixadas por outros estudos justificam a necessidade de nossa pesquisa.

Em segundo lugar temos a falta de uma literatura ampla sobre o assunto, o que garante que seu trabalho será inédito. Em terceiro lugar, por fim, é de suma importância que você encontre um problema que seja relevante para a sociedade a curto prazo.

Exemplos de problemas a curto prazo

A própria pandemia provocada pela emergência da COVID-19 pode ser citada como um problema que precisou de respostas rápidas para fenômenos urgentes que têm afetado as pessoas nas mais diversas dimensões, pois não é algo que afeta um ser humano apenas no âmbito da saúde.

Em razão das necessidades das sociedades em todo globo, os pesquisadores se dedicaram com muito afinco à produção de estudos sobre as vacinas, mesmo antes da sua aplicação. Estudos sobre o mapeamento genético do vírus tiveram um boom. Não havia uma literatura sobre isso, visto que a pandemia emergiu da noite para o dia e passou a afetar a vida das pessoas em todo o globo.

Assim, essa por si só foi uma justificativa para a crescente de estudos com esta inclinação específica. A falta de literatura fez com que muitos pesquisadores tivessem que sair de sua zona de conforto para suprir essa lacuna de uma maneira rápida.

O que observamos é que os membros de um mesmo grupo de pesquisa dividiram as suas funções para produzirem esses estudos dos quais a sociedade necessitava de uma forma mais rápida. Muitos se dedicaram a descobrir o que a literatura já sabia sobre o vírus, já outros se dedicaram à parte prática, testando formas que poderiam amenizar os efeitos causados pela pandemia da COVID-19.

Nesse sentido, enquanto muitas pessoas focaram em procurar respostas para o problema na literatura, outras se concentraram em encontrar soluções mais imediatas para o problema. Esse é apenas um dos cenários que podem lhe ajudar a justificar a importância da sua pesquisa para um momento histórico específico.

Tenha uma boa pergunta-problema!

Posto as considerações feitas ao longo deste post, por fim, iremos esclarecer uma questão fundamental: toda justificativa precisa de uma pergunta-problema para ser sustentada? Sim. O problema é vital para que uma pesquisa possa ter um bom andamento, bem como para que seja útil para a sociedade na qual vivemos. Nesse sentido, a pergunta-problema surge antes mesmo de sua justificativa.

A justificativa é uma forma de reafirmar a importância de algo maior, que é o problema de pesquisa. Claro, pode acontecer de, durante o andamento do seu estudo, você perceber o surgimento de uma outra pergunta que não é o problema que você procura resolver nesse momento, o que é algo bom, pois, a partir dessa lacuna outros estudos, sejam feitos por você ou outros estudiosos, irão sanar essa lacuna. Todavia, para que uma justificativa possa ser feita é necessário que a pesquisa possua uma pergunta-problema.