Como ler Textos Científicos da maneira correta?

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As ciências mais “duras” do conhecimento
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Em nosso post de hoje iremos discutir sobre algumas técnicas que podem lhe ajudar a ler um texto científico de uma forma mais efetiva. Assim, se você está entrando no mundo acadêmico agora, provavelmente já deve ter reparado que os tipos de textos lidos são um pouco diferentes e mais robustos, repletos de dados e informações científicas.

Mesmo as pessoas que têm o hábito da leitura, ao adentrarem no cenário acadêmico, deparam-se com um tipo de leitura bastante diferente. De modo que, não são raros os casos de pessoas que acham que esse tipo de leitura é chato.

Além disso, há algumas formatações diferenciadas ao longo desse texto que nem sempre são compreendidas pelos acadêmicos que estão iniciando sua jornada nesse momento. Em virtude disso, é com essas variáveis que iremos trabalhar neste post.

Por que a leitura de textos científicos assusta no começo?

Além da formatação diferenciada mencionada no parágrafo anterior, o aluno, ao ingressar nesse programa, depara-se com uma quantidade enorme de materiais científicos a serem lidos em um curto período de tempo.Por que a leitura de textos científicos assusta no começo

A quantidade é, sem dúvidas, um dos pontos que mais assusta os alunos, visto que ela pode chegar a cem textos ou mais. Contudo, existe uma técnica que pode lhe ajudar a observar os pontos principais desses materiais sem que tenha que ler o conteúdo na íntegra.

Nesse sentido, ao longo deste post, iremos introduzir algumas estratégias que podem tornar a sua leitura mais dinâmica e fluida, independentemente da quantidade de materiais a serem lidos. Assim sendo, iremos apresentar a partir desse momento alguns pontos vitais relacionados à estrutura dos artigos que podem lhe ajudar a compreender as informações essenciais desses artigos de uma forma mais rápida.

Estrutura de um texto científico

Todo texto científico deve seguir métodos rígidos.

São esses métodos que atribuem ao artigo uma estrutura específica. Assim sendo, o texto como um todo seguirá um sistema específico. Nesse sentido, devemos frisar que os materiais científicos como um todo, sobretudo os artigos, seguem uma estrutura básica desde o momento da elaboração do resumo, que é a primeira etapa.

As fases seguintes, da introdução às considerações finais, também obedecem a esse mesmo sistema. Embora ainda hajam materiais que não seguem essa estrutura específica, o mais correto é que eles obedeçam a ordem sobre a qual iremos comentar a seguir. A estrutura a ser seguida é anunciada já no resumo. Ele, portanto, irá apresentar o contexto geral do seu tema, a pergunta de pesquisa (e a questão norteadora suscitada dessa pergunta), o objetivo, o método e os principais resultados identificados.

A sistematização do conhecimento

Considerando o sistema introduzido no resumo, é dever do pesquisador explorar todas essas informações ali anunciadas ao longo dos capítulos desse material em processo de construção.

É nesse sentido que muitos afirmam que esse texto é construído de forma racional, pois obedece a um sistema composto por métodos rígidos. Entretanto, embora exista esse sistema, algumas áreas, como é o caso das humanidades, entende a ciência de uma outra forma, de modo que a construção dos textos é mais dinâmica. A sistematização do conhecimento

Dentre as diferenças, podemos frisar que a maioria dos materiais das humanas não são escritos em terceira pessoa e os métodos não são tão rígidos, o que não ocorre em outras áreas.

Nas humanidades, há um envolvimento maior por parte do autor, de modo que ele acaba se posicionando, o que não é aceito em outras áreas, visto que se entende que a ciência deve ser construída de uma forma impessoal. No entanto, nesse caso, tem-se uma exceção.

O atendimento a essa sistematização

Estamos apresentando as diferenças entre as ciências humanas e as demais áreas para que você saiba quais são os aspectos em termos de construção da ciência que distanciam os campos de pesquisa.

A maior parte das áreas e as suas respectivas linhas de pesquisa atendem a essas regras sobre as quais iremos discutir hoje. Nesse sentido, a depender da sua área e núcleo de pesquisa, a ciência pode ser concebida de uma outra forma. Aqui não julgamos o que é certo ou errado, apenas apresentamos o consenso geral em termos de aplicabilidade dos métodos científicos.

Contudo, de forma geral, o mais comum é que as diferenças em termos de compreensão e aplicação de métodos se concentrem no âmbito das ciências humanas. Como é uma área que lida diretamente com questões de ordem subjetiva, ela permite que haja uma maior flexibilidade no processo de construção do conhecimento científico.

As ciências mais “duras” do conhecimento

Ao contrário das ciências humanas, as ciências “duras” (ou naturais) concebem a ciência a partir de outro viés. Podemos citar como exemplo as ciências da saúde e as engenharias. Elas costumam seguir os métodos a serem aqui mencionados de uma forma rígida.

Os dados são apresentados de uma maneira muito mais racionalizada, logo, as questões subjetivas não são exploradas, o que implica a adesão, inclusive, a um outro tipo de linguagem mais “neutra”.As ciências mais “duras” do conhecimento

A comunicação organizada e sistematizada é o grande objetivo dessas áreas e, na verdade, esse é o pressuposto da própria ciência. Agora que você já conhece um pouco mais sobre esse cenário, pensaremos nas técnicas de leitura que podem lhe ajudar a compreender esse material de uma forma mais efetiva.

A estrutura de um artigo científico

Todo material científico segue essa estrutura específica e a compreensão dessa estrutura fará com que você entenda se um material científico servirá para o propósito atual de seu estudo. Há alguns pontos vitais a serem observados e que podem otimizar a sua leitura.

O primeiro aspecto a ser analisado é se esse material assume essa estrutura específica sobre a qual estamos comentando. Verifique se há a preocupação por parte do autor em demonstrar os caminhos percorridos para o desenvolvimento desse conhecimento. Esses cuidados são essenciais porque, hoje, são produzidos inúmeros materiais que falam “mais do mesmo”.

O nosso desafio é evitar esse tipo de leitura. Há milhares de informações que circulam na rede que fazem com que diversos materiais que em nada contribuem sejam publicados na web. Por esse motivo, os professores de pós-graduação stricto sensu pedem para que os seus alunos evitem a leitura de certos tipos de artigos.

As preferências de leitura dos orientadores

Muitos orientadores pedem para que os seus alunos evitem os artigos de revisão e aqueles materiais que não apresentam resultados práticos quanto a uma dada questão, ou seja, há a preferência pelos materiais aplicados.

A maior parte dos professores que fazem esses tipos de solicitações, estão preocupados com produções de materiais que em nada contribuem. A regra não se aplica àqueles acadêmicos que já têm experiência e sabem como desenvolver materiais mais teóricos que são capazes de contribuir com a sociedade como um todo.

Na verdade, os alunos que conseguem produzir dessa forma conseguem desenvolver artigos de revisão mesmo em núcleos de pesquisa que dão preferência à produção de materiais aplicados. Contudo, independentemente do tipo de material a ser desenvolvido, o grande objetivo é otimizar o processo de seleção de artigos e, consequentemente, o próprio exercício da leitura.

Processo de seleção dos artigos científicos

O processo de seleção de materiais está intimamente ligado com a leitura mais efetiva de materiais científicos. Embora tenhamos chamado a sua atenção para o fato de que alguns professores preferem que os seus alunos tomem como base os materiais mais aplicados, há inúmeros materiais de revisão de literatura bastante interessantes e contributivos e que podem e devem ser replicados em outros tipos de estudos.Processo de seleção dos artigos científicos

Contudo, alguns professores não querem que os seus alunos em processo de formação partam apenas de reflexões filosóficas quanto à questão que está sendo estudada. Entretanto, esta é uma questão ligada às preferências, logo, converse com o seu orientador para que cheguem a um consenso.

Ao analisar esses materiais coletados, sejam eles aplicados ou teóricos, há pontos a serem observados para que a leitura flua melhor. O primeiro é a sistematização das informações e o segundo é a metodologia.

Conheça os autores responsáveis por essa produção

Este é um ponto que está bastante ligado com o primeiro. Tão importante quanto conhecer o sistema por detrás desse texto que está lendo é a análise do perfil dos autores responsáveis por esta produção. Hoje, mais importante do que compreender as informações que estão por detrás de um texto é saber as motivações que levaram esses autores a pensarem dessa forma específica.

Em outras palavras, podemos frisar que é crucial que você tenha muito claro em mente quem é essa pessoa por trás do texto. Essa compreensão é mais importante do que saber qual é a base de dados na onde esse material está indexado e a revista onde foi publicado.

Além disso, se os autores por trás dessa obra forem brasileiros, indicamos que um outro tipo de análise seja feito. A fim de que você saiba quem são eles de uma forma mais rápida, recomendamos que você analise a trajetória desses autores por meio do currículo Lattes.

Como posso investigar o perfil dos autores?

O currículo Lattes é a ferramenta mais efetiva a partir da qual você pode tecer esse panorama sobre os acadêmicos envolvidos no processo de produção de um determinado artigo. Lá você conseguirá visualizar os interesses acadêmicos de cada um dos pesquisadores envolvidos ao longo dos anos.

Temos verdadeiros gênios em todas as áreas de pesquisa, mas nem sempre sabemos quem são essas pessoas. Por exemplo, se o seu interesse se concentra na área da Biopolítica, sobretudo nos estudos deleuzianos, há alguns acadêmicos essenciais que têm contribuído com esse campo.

Rogério Costa é um dos principais pesquisadores brasileiros. Se o seu interesse é na área da Semiótica, Lucia Santaella é o principal nome nessa área. Se o seu interesse é no campo das Teorias da Comunicação, Lucrécia Ferreira sem dúvidas é uma pesquisadora renomada. Enfim, todas as áreas do conhecimento tem os seus próprios gênios que precisam ser valorizados.

Conheça a cátedra de sua área

Toda área do conhecimento, assim como toda linha de pesquisa, tem a sua própria cátedra. Ela é composta por aqueles pesquisadores que se dedicam há anos nesse campo e se tornaram verdadeiros especialistas, contudo, nem sempre sabemos quem são essas pessoas.

São pessoas que corroboram para com a emancipação da sociedade civil como um todo, visto que produzem com muita frequência. Além de produzirem inúmeros materiais a cada dia, são acadêmicos que têm muito tempo de vivência e de experiência.

Como são pesquisadores que pertencem à cátedra, não importa onde escrevem e publicam, os seus estudos são relevantes e bem vistos. Não importa se escrevem para jornais, como a “Folha de São Paulo”, ou para revistas abertas ou fechadas. O conhecimento produzido por essas pessoas sempre será valorizado e notado, caso citado por outros acadêmicos, o que atribui validade às pesquisas diversas.

Como chegar até esses autores?

Se esses autores forem brasileiros, você pode obter acesso às mais diversas informações por meio do Lattes. No caso de pesquisadores estrangeiros, o ORCID será a principal ferramenta.

Em ambas as plataformas é bastante fácil de obter acesso a essas informações, uma vez que basta digitar o nome do acadêmico que deseja conhecer na ferramenta de busca do Lattes, no caso dos brasileiros, ou no ORCID, no caso de estrangeiros. Além disso, muitos pesquisadores brasileiros também registram os seus dados no ORCID, de modo que passam a ser reconhecidos no Brasil e fora dele.

O ORCID, hoje, é uma exigência para que os materiais científicos possam ser publicados por revistas indexadas em bases de dados, uma vez que, dessa forma, tanto brasileiros quanto estrangeiros podem ter fácil acesso à nossa ciência.

Faça isso antes de ler qualquer artigo científico!

Antes de ler um artigo científico, como mencionamos, é importante que você siga os três passos aqui apresentados, quais sejam:

  1. Verifique se o material está estruturado e segue uma lógica;
  2. Identifique quem são os autores por detrás dessa pesquisa;Faça isso antes de ler qualquer artigo científico
  3. E investigue quem são esses autores (Currículo lattes e/ou ORCID).

Seguindo esses três passos, antes mesmo de começar a ler esse texto, você vai perceber que a sua leitura irá fluir de uma forma muito melhor!

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