Dissertação de mestrado é um trabalho acadêmico de pós-graduação stricto sensu em que o mestrando elabora durante o curso de mestrado. Ela é um requisito de formação que tem o propósito de debater sobre um determinado tema, com intuito de trazer contribuições acadêmicas e sociais por meio da apresentação de análises e reflexões.
Trata-se de um documento qualificado como pesquisa científica que visa refletir sobre a capacidade de formulação de hipóteses e definição do problema de pesquisa, além do domínio sobre o tema e a literatura existente, da capacidade de desenvolvimento de fundamentação teórica e do domínio da sistematização dos procedimentos argumentativos e demonstrativos. Ou seja, tem-se como requerimento da dissertação o domínio sobre a elaboração de um projeto de pesquisa e uma apresentação plausível da pesquisa em questão, segundo sua área de conhecimento.
Posto isso, a dissertação de mestrado é o trabalho de conclusão do programa de mestrado que, por sua vez, é coordenado por um orientador (doutor), responsável por conferir conhecimento a nível de mestre. Consiste em um trabalho resultante de uma pesquisa elaborada durante o período de mestrado, no qual o mestrando poderá demonstrar as suas constatações e competências adquiridas pela realização da pesquisa. Desta forma, para a realização de uma dissertação, é necessário entender a estrutura básica desse documento.
QUAL É A ESTRUTURA BÁSICA DE UMA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO?
Antes de começarmos a falar sobre a estrutura básica de uma dissertação de mestrado, é válido lembrar que o mundo da pós-graduação possui algumas peculiaridades, pois, embora existam diretrizes como, por exemplo, aquelas inerentes à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), quando falamos sobre a estrutura básica deste trabalho final, é fundamental saber que elas são diferentes e variam de acordo com a instituição e o programa nos quais você está inserido. Logo, existem várias nuances que vão modificar ou influenciar essa estrutura.
No entanto, de acordo com as normas da ABNT, a estrutura de uma dissertação é composta pela parte externa e pela parte interna e, assim, compreende os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Posto isso, as descrições que apresentaremos ao longo desse post contemplam os elementos que estão de acordo com as normas vigentes da ABNT. Vamos conferir!
O QUE É A PARTE EXTERNA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO?
A parte externa nada mais é do que aquilo que encapa a dissertação e, como é possível inferir, inclui a capa e a lombada do trabalho. Posto isso, a capa consiste no primeiro elemento estrutural obrigatório que contribui com a identificação rápida do trabalho realizado pelo mestrando.
Logo, de acordo com a ABNT, a capa deve apresentar o nome da instituição de ensino; o nome do curso; o nome do(a) autor(a) do trabalho e, caso tenha mais de um autor, deve apresentá-los em ordem alfabética; o título do projeto de pesquisa; o subtítulo; o número do volume, se a dissertação for divididas em partes; o local da instituição; e o ano de depósito.
A lombada, por sua vez, compreende a parte lateral do trabalho, sendo que nela são apresentados certos elementos, como a sigla do trabalho, o título do mesmo e o ano de depósito.
A lombada é obrigatória para todos os trabalhos que serão expostos na biblioteca da instituição de ensino. No entanto, é válido mencionar que, ainda que a ABNT defina as normas básicas de formatação, estas podem ser adaptadas pelas universidades de ensino e/ou de pesquisa segundo as suas necessidades.
O QUE SÃO ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS?
Com exceção da capa, os primeiros elementos inerentes à elaboração de uma dissertação de mestrado dizem respeito aos elementos pré-textuais. Estes são componentes de apresentação que contribuem com a organização do material e das suas ideias e envolvem informações necessárias para a identificação do trabalho em questão. Sendo assim, no Brasil, geralmente, tem-se, como padrão de formatação, as normas vigentes na ABNT.
Logo, os elementos pré-textuais obrigatórios e opcionais são aqueles que antecedem a elaboração do desenvolvimento da parte principal da pesquisa. Contudo, embora existam elementos obrigatórios e opcionais, é válido destacar que essa regra pode variar de acordo com o que o seu professor ou a sua instituição exige ou não. Posto isso, os elementos pré-textuais compreendem:
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
- Folha de rosto (obrigatório): os dados como nome, título e subtítulo, curso, orientador, etc. sobre o autor são apresentados;
- Errata (opcional): apresenta-se as informações erradas contidas no trabalho em conjunto com a sua respectiva correção;
- Folha de aprovação (obrigatório): consiste na página na qual os participantes da banca examinadora e o orientador assinam para a aprovação do material;
- Dedicatória (opcional): trata-se da parte cujo autor pode homenagear ou dedicar o trabalho para alguém que seja importante para ele, ainda que este não tenha participado da realização do trabalho;
- Agradecimento (opcional): consiste na parte em que o autor pode mencionar e agradecer àqueles que contribuíram para a realização do projeto de pesquisa.
- Epígrafe (opcional): atua como uma espécie de gatilho para a leitura do material; sendo assim, consiste em um pequeno texto escrito, a fim de contextualizar todo o trabalho.
- Resumo (obrigatório): trata-se da descrição objetiva do assunto que será abordado na dissertação em, no máximo, 500 caracteres totais, segundo a ABNT.
- Resumo em língua estrangeira (obrigatório): consiste na tradução do resumo já elaborado em uma língua estrangeira, a qual é, geralmente, solicitada no idioma inglês.
- Lista de ilustrações, de tabelas, de abreviaturas e siglas, e de símbolos (opcional): tais listas atuam como um sumário, no entanto, nestas, são apresentados as ilustrações, as tabelas, as abreviaturas, as siglas e os símbolos em conjunto com as suas paginações;
- Sumário (obrigatório): este apresenta a paginação das informações contidas no trabalho, sendo descritos os tópicos e as suas respectivas páginas.
O QUE É E QUAIS SÃO OS ELEMENTOS TEXTUAIS?
Tendo visto os elementos pré- textuais, os elementos textuais compreendem o corpo do projeto de pesquisa e a maior parte do trabalho. É a parte em que o autor apresenta o objeto de estudo, os objetivos da pesquisa, a metodologia e os materiais utilizados, os resultados, as discussões e os argumentos à respeito deste objeto, além da conclusão sobre o assunto abordado.
Desta forma, tais elementos são divididos em três partes importantes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
A introdução representa a parte inicial do texto da dissertação de mestrado, cujo autor deve apresentar o assunto que será abordado, justificar o porquê da importância da sua pesquisa e qual a sua contribuição acadêmica, trazer uma delimitação do problema/hipótese da pesquisa, mencionar a metodologia que será utilizada e apresentar os objetivos da pesquisa, fazendo isso de forma clara e objetiva, sem elaborar textos longos ou fazer referência aos resultados. Assim, no desenvolvimento, estes elementos são mais aprofundados.
O desenvolvimento compreende a parte principal da dissertação por fornecer sustentação à hipótese da pesquisa, já apresentada na introdução. É nessa parte que o assunto é apresentado detalhadamente em tópicos e subtópicos, cujo autor deve descrever quais são os objetivos gerais e específicos da pesquisa, o que a literatura existente diz à respeito desse assunto, quais materiais e métodos serão utilizados, quais resultados foram coletados e quais foram as suas respectivas interpretações.
Nessa linha, a conclusão diz respeito à parte final do texto da dissertação. Serão apresentados comentários sobre a pesquisa, soluções e, ainda, recomendações quanto ao assunto do trabalho e, em seguida, tem-se os elementos pós-textuais.
O QUE SÃO E QUAIS SÃO OS ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS?
Os elementos pós-textuais, como o próprio termo já indica, são aqueles que sucedem os elementos textuais da dissertação de mestrado, sendo que compreende: referências bibliográficas, glossário, anexos e apêndices.
Sendo assim, as referências bibliográficas são descrições detalhadas sobre os materiais citados e utilizados como bases teóricas. Logo, essas referências servem para dar crédito a esses materiais e permitir a sua identificação imediata. Posto isso, elas compreendem as fontes de pesquisa utilizadas para a elaboração do trabalho.
Enquanto isso, é no glossário que as palavras pouco conhecidas citadas no texto são descritas, assim como os seus respectivos significados. Por outro lado, os apêndices e os anexos são dois elementos que complementam a compreensão do texto da dissertação.
Os apêndices são textos ou documentos autorais que complementam as argumentações levantadas pelo autor, enquanto os anexos compreendem documentos elaborados por outros autores como, por exemplo, estatutos, mapas, leis, etc. e que possuem relevância para a compreensão da dissertação.
Desta forma, dentre estes elementos citados, a referência é o único elemento pós-textual considerado obrigatório, justamente por ser a base da pesquisa científica, uma vez que, sem o embasamento em outros materiais, é impossível fazer uma dissertação e não referenciá-las, dependendo da situação, pode ser considerada como plágio, o que é um crime.
FORMATO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
No Brasil, existem dois tipos de formatos de dissertações de mestrado propostos e aceitos pelas instituições de ensino superior e programas de pós-graduação. Sendo assim, o primeiro deles, e mais conhecido, é o de formato tradicional. Este compreende aquele modelo mais comum, cuja estrutura se baseia nos elementos apresentados acima e é caracterizada pela sua grande extensão e quantidade de conteúdo.
Contudo, posto o modelo tradicional, estudos comprovaram que muitas produções de mestrado e doutorado não eram totalmente lidas pelas pessoas, em razão da sua extensão e desproporção quanto à quantidade de conteúdo e à qualidade e originalidade. Desta forma, o segundo formato, denominado como modelo escandinavo, passou a ser permitido e aceito por várias instituições e programas de pós-graduação no Brasil e em outros países. Seu formato é composto pela elaboração de um ou mais artigos científicos e a sua estrutura é baseada em uma “coleção” de textos estruturados no formato de artigos.
Desta forma, com relação à extensão das dissertações de mestrado acadêmico, atualmente, a média de páginas solicitadas pela CAPES é de, no máximo, 70 a 100, mesmo porque alguns elementos não são mais considerados obrigatórios na elaboração de trabalhos acadêmicos, como eram antigamente.
NEM TODA DISSERTAÇÃO VEM EM FORMATO DE UMA DISSERTAÇÃO
Como mencionado anteriormente, a dissertação de mestrado pode ser feita tanto pelo formato tradicional quanto pelo formato em artigos científicos, a depender das exigências da sua instituição. No entanto, além disso, existe mais uma variável que pode influenciar a estruturação do seu material, sendo ela o programa em que você está inserido.
O curso de pós-graduação de mestrado possui duas modalidades: o mestrado profissional e o mestrado acadêmico e cada uma dessas modalidades possuem propósitos diferentes, pois, à medida que o mestrado acadêmico visa formar pesquisadores e professores universitários voltados ao âmbito acadêmico, o mestrado profissional objetiva formar pesquisadores que apliquem estudos científicos a fim de resolver problemas na indústria. Por isso, muitos desses trabalhos são elaborados de formas diferentes por causa do propósito do programa.
Ademais, após ser elaborado, é válido destacar que nem sempre o nome do trabalho final do programa de mestrado virá com o nome dissertação de mestrado, tendo em vista que existem o programa de mestrado profissional e o programa de mestrado acadêmico. Principalmente nesse primeiro, os trabalhos finais podem ser nomeados como projeto final, manual, produção de patente, produção de produto, projeto inovador ou, ainda, podem vir com o nome de algum projeto específico. Assim sendo, tudo dependerá do programa que você está inserido.
RECAPITULANDO!
A dissertação de mestrado é um documento importantíssimo para a validação da titulação de mestre, além de ser um quesito para a formação do mestrando. Trata-se de um trabalho de caráter científico que testa a capacidade do desenvolvimento de pesquisa do mestrando, considerando as suas habilidades de captação de conteúdo e sistematização dos mesmos. Portanto, desenvolver uma dissertação de mestrado pode ser muito mais complexo do que se pensa, uma vez que ela é composta por vários elementos estruturais. Desta forma, no geral, a estrutura básica de uma dissertação de mestrado é dividida em três categorias textuais:
- Pré-textuais: Folha de rosto; Errata; Folha de aprovação; Dedicatória; Agradecimento; Epígrafe; Resumo; Resumo em língua estrangeira; Lista de ilustrações, de tabelas, de abreviaturas e siglas e de símbolos; e Sumário.
- Textuais: Introdução; desenvolvimento e conclusão.
- Pós-textuais: Referências, glossário, apêndices e anexos.
Contudo, é importante lembrar que a obrigatoriedade de cada um desses elementos na composição da sua dissertação de mestrado pode variar de acordo com as normas da instituição que você está cursando. Logo, fique atento a isso!