Como o Ego e o Local de Fala atrapalham a relação do aluno com o orientador?

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A relação entre aluno e orientador
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Em nosso post de hoje iremos discutir sobre alguns pontos que podem fazer com que o aluno entre em conflito com o seu orientador.

Claro, o mais indicado é que o conflito seja evitado, porém, reconhecemos que nem sempre é possível ter uma relação harmônica do início ao fim. Logo, também iremos apresentar algumas dicas que podem lhe ajudar a lidar com essa situação de uma forma mais assertiva.

Hoje, iremos focar em dois processos que podem afetar a qualidade de qualquer relação humana, porém, focando na relação entre orientando e orientador. Estamos nos referindo ao ego e ao local de fala.

Como o nosso blog se volta àqueles alunos que buscam por uma orientação acadêmica personalizada, neste post, iremos apontar quais são os pontos que podem fazer com que os alunos entrem em conflitos com os seus orientadores e que podem desgastar ainda mais essa relação. Vamos conferir?

O processo de produção de uma pesquisa

A produção de uma pesquisa científica perpassa por uma série de questões, que nem sempre são técnicas, mas de ordem emocional, subjetiva e até mesmo coletiva, pois, a partir do momento em que ingressamos em um programa de mestrado ou de doutorado, passamos a ter um vínculo com uma pessoa da qual não podemos nos desvincular durante toda essa jornada.O processo de produção de uma pesquisa

Estamos nos referindo ao orientador. É ele quem lhe ajudará a produzir essa pesquisa da melhor forma. Dessa forma, é necessário que ele compreenda o que você está fazendo, bem como que apoie as suas escolhas.

É ele quem irá direcionar toda a sua pesquisa do início ao fim. Entretanto, nesse processo, seja o professor, o aluno ou ambos, todos podem ser afetados pelo grande mal-estar da sociedade contemporânea: o ego inflado. Este influencia qualquer relação. Assim, cabe a nós compreender como se dá a relação entre aluno e orientador.

A relação entre aluno e orientador

Nesta relação entre orientando e orientador, podemos visualizar que de um lado temos o orientador, representado por alguém que já passou por uma série de experiências até que assumisse esse posto, fez um curso de mestrado e de doutorado e se dedica por anos às atividades de pesquisa.A relação entre aluno e orientador

Ao passo que, do outro lado, temos o aluno que está ingressando nesse novo cenário, o qual, por vezes, carrega em si ideias grandes e “fantabulosas”, quer reinventar a ciência e trabalhar com coisas muito extensas.

Entretanto, posto esses lados, o que gera o conflito nesse tipo de situação é que esse aluno muitas vezes não entende o local de fala do professor, isto é, os seus interesses e limitações. Com isso, torna-se crucial que se entenda o que é o local de fala. O local de fala é o responsável por caracterizar como uma pessoa pensa e age, ou seja, aponta as suas influências nos mais diversos sentidos.

O local de fala e as suas características

Temos na relação orientando-orientador, dois locais de fala. De um lado, temos os orientadores, que são pessoas que apresentam pontos de vista bem embasados, são pesquisadores e, por estarem acostumados com esse universo, acabam muitas das vezes exigindo de seus alunos coisas muito específicas da área, as quais, na maior parte das vezes, se tornam muito subjetivas do ponto de vista do aluno que ainda está iniciando sua experiência acadêmica.

Enquanto, do outro lado, temos os alunos que muitas vezes não compreendem os orientadores, de modo que acabam se sentindo acuados, pois compreendem o poder que esses professores têm sobre as questões burocráticas que permitirão que eles consigam concluir a sua formação ou não. Contudo, apesar disso, sabemos que não é bom que o aluno assuma essa postura nesta relação.

O que ocorre quando um aluno se sente acuado?

O aluno que se sente acuado, tem medo e/ou receio de pedir ajuda ao seu orientador. Assim, quando percebe que para que possa concluir esse curso precisará da assinatura deste orientador em diversos momentos, sobretudo para que possam qualificar e defender os seus trabalhos, acaba ficando frustrado.

Nesse contexto, não são raros os alunos que abrem mão do que querem apenas para concluírem esse curso. Entretanto, a má comunicação pode trazer muita angústia, porque, até que esse aluno possa defender o seu trabalho, terá que passar pela qualificação. Nela, uma banca de professores irá avaliar se esse material está apto para ser defendido em um momento posterior.

A fim de que esse aluno possa passar para a próxima fase, terá que atender a todas as recomendações listadas na qualificação. E o que tem ocorrido com muita frequência é a reprovação desses alunos na qualificação em virtude da disputa entre ego e local de fala na relação com o orientador.

Por que a compreensão do local de fala é importante?

A partir do momento em que você entende o que o seu professor espera de você, será um pouco mais tranquilo lidar com as expectativas de seu orientador em relação a sua pesquisa. O que pode prejudicar esse entendimento do local de fala do professor é o fato do aluno se sentir acuado e menosprezado.Por que a compreensão do local de fala é importante

Assim sendo, não é incomum que esse aluno comece a desenvolver sentimentos muito negativos relacionados a esse orientador. O ranço e outros tipos de emoções ocasionadas por essa mágoa impedem que o aluno se concentre em entender o local de fala do professor para desenvolver um trabalho dentro das expectativas apresentadas por ele.

Contudo, embora sempre recomendemos que é importante atender às expectativas daquele que nos orienta, é preciso que tomemos cuidado para que nossa identidade enquanto pesquisadores não seja anulada nesse processo.

A importância do equilíbrio entre a autonomia e o ego

É fundamental que não tenhamos o “ego inflado” e que, por outro lado, não permitamos que o medo iniba a nossa capacidade de ação, visto que esta habilidade é essencial para que preservemos a nossa autonomia durante o desenvolvimento de uma pesquisa.

Na maior parte das situações, é necessário que enxerguemos certas questões de uma forma mais abrangente para que possamos lidar com esses problemas de uma forma mais assertiva. Nesse sentido, temos observado que os alunos que chegam até nós por terem conflitos com os seus orientadores são a maior parte.

Assim, a primeira coisa que perguntamos quando nos procuram é se já tentaram conversar com os seus orientadores. A mensuração entre interesses de pesquisa é de suma importância e, na verdade, antes mesmo de ingressar em um programa de pós-graduação é muito importante que já tenha essa resposta clara para que evite o conflito.

Como entender o local de fala do professor?

Se você já está dentro desse programa e não tem como mudar de orientador, a dica que lhe damos é revisitar os trabalhos orientados por esse professor e os artigos mais recentes publicados por ele para que você saiba como desenvolver a sua pesquisa.

É uma forma de produzir a sua pesquisa dentro dos parâmetros esperados por esse orientador. A partir do momento em que o ego está muito inflamado, comumente muitos não conseguem se colocar no lugar do professor e, com isso, não conseguem compreender o seu local de fala.

Porém, é apenas essa compreensão que fará com que você consiga escrever o seu trabalho dentro das diretrizes estipuladas pelo próprio professor. Não se esqueça: você precisa da assinatura deste orientador em diversos momentos para que possa concluir o curso.

A posição do aluno na relação com o orientador

Quer concordemos, quer não, o aluno é a parte mais “fraca” dessa relação, uma vez que assume o papel de aprendiz. E o que ocorre nesse processo, é que o professor tem propriedade para falar sobre certas coisas, de modo que nunca é muito produtivo confrontá-lo quanto a uma dada questão, sobretudo se esta questão diz respeito ao seu tema/linha de pesquisa.A posição do aluno na relação com o orientador

Isso ocorre porque entende-se que esse professor já passou por todas as fases relacionadas à formação de um pesquisador e, dessa forma, já sabe o que funciona ou não para aquele núcleo, instituição e linha de pesquisa.

Nesse sentido, uma relação de orientação pode ser muito prazerosa, mas também pode ser um processo realmente complicado, sobretudo quando os interesses do aluno são muito destoantes daqueles defendidos pelo seu orientador. Logo, a qualidade dessa relação dependerá de como você lida com essa situação.

Como preservar a qualidade de uma orientação?

É apenas por meio do diálogo e da empatia que um conflito pode ser solucionado.

É por meio da conversa que se torna possível chegar a um consenso. Além disso, esse exercício implica o trabalho contínuo com o ego, porque é o ego inflado que impede que tenhamos acesso ao conhecimento. Se você se permite aprender ao ter contato com aquilo que o professor tem a oferecer, certamente o seu processo de pesquisa se dará de uma forma muito mais tranquila.

Não deixe que o medo impeça que você tire as suas dúvidas

Na relação entre orientador e orientando, existe uma crítica que tem sido feita de maneira recorrente pelos alunos: afirmam que esses professores são muito subjetivos, de modo que não deixam claro o que realmente esperam com cada coisa que solicitam de seus alunos. Por esse motivo e por muitos outros, muitos alunos acabam desenvolvendo um certo medo de tirar suas dúvidas. Além disso, têm medo de traduzirem as suas ideias de uma maneira incoerente. Têm medo de exercer essa autonomia.

Dessa forma, muitos alunos optam por permanecerem com tal dúvida e isso prejudica a qualidade da orientação, uma vez que têm medo da exposição e, em diversos casos, têm medo de serem perseguidos de alguma forma.

Esse temor está ligado, também, ao fato de que têm medo de recaírem em certas situações que apontam para conflitos. Entretanto, a partir do momento em que você fica com a dúvida, passa a correr riscos desnecessários, pois pode acabar impulsionando o desalinhamento entre interesses de pesquisa.

Contudo, embora aqui tenhamos chamado a sua atenção para os problemas relacionados aos conflitos entre esses dois agentes, nem sempre a orientação é, de fato, o problema. Por vezes, o ego desse aluno é tão inflamado que ele não quer ceder de nenhuma forma. Quer ser o único protagonista de seu estudo, o que impede o seu orientador de contribuir.

Reconheça que é preciso aprender

A pessoa que tem o ego inflado acredita que consegue fazer tudo por si só e, de certa forma, não permite que qualquer outro indivíduo o ensine, visto que acredita que tudo está sob controle e deve ser feito da maneira que entende como correta.

Podemos dar um exemplo: Certa vez, um aluno foi para uma qualificação acreditando que possuía total compreensão a respeito do assunto de sua pesquisa. Entretanto, antes da banca, seu orientador fez vários apontamentos a respeito do que precisava ser incluído e o que precisa ser mudado para que a pesquisa fosse melhorada.

Contudo, esse aluno resolveu ignorar esses comentários, pois não concordava com os apontamentos feitos pelo professor, e foi para a banca sem realizar nenhuma mudança. Dessa forma, esse aluno acabou sendo reprovado pela banca exatamente pelas mesmas coisas que o orientador havia apontado, mas mesmo assim ele ficou chocado, pois não conseguiu compreender o motivo.

Levou sua pesquisa a outro professor na tentativa de entender o motivo de ter sido reprovado, porém, quando esse outro professor apontou os mesmos problemas, ele mais uma vez discordou, achando que entendia mais do assunto que os profissionais da área. E esse é um dos exemplos que nos demonstram os malefícios do ego inflado.

O ego na qualificação

Algo que pode prejudicar o seu desempenho na qualificação é o ego inflado. Se você vai para essa sessão achando que sabe tudo e que ninguém ali tem nada a contribuir, uma vez que o trabalho está pronto, a sua performance pode ser muito negativa, o que pode acarretar, inclusive, em sua reprovação.O ego na qualificação

Algo que ocorre é o fato de que muitos professores sugerem uma série de ajustes aos seus alunos e eles não atendem por não acharem necessário, assim, quando chegam a qualificação, o trabalho é reprovado. A culpa, nesse caso, não é do orientador, uma vez que o seu aluno não o escutou.

A falta de problema de pesquisa, de objetivos bem delimitados, de uma metodologia coerente e de uma boa justificativa são fatores que motivam essa reprovação. Logo, se esse aluno tivesse conversado com o seu professor e se tivessem chegado juntos a um consenso, essa situação poderia ser evitada. Portanto, entenda a necessidade de compreender o local de fala do seu orientador, a fim de que essa relação seja mais agradável.

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