Método e Metodologia: Qual a Diferença?
Vamos falar um pouquinho sobre método e metodologia. Afinal, qual é a diferença entre método e metodologia? Essa é uma das coisas que os alunos ficam mais loucos para entender, principalmente no mestrado e no doutorado. Como fazer a metodologia? O que é método? O que é metodologia? Como posso organizar e embasar com os autores? Alguns ainda ficam presos em método indutivo, dedutivo, qualitativo e tentam seguir algumas regrinhas. Contudo, eu tenho uma novidade para você, ou talvez uma boa notícia: você pode estar se preocupando com coisas que não deveria neste momento. Nossa, mas como assim? Como não tenho que me preocupar com o método? Existe uma teoria chamada método, conceitos e discussões. Edgar é o grande falador do método, mas não é a metodologia científica que estamos acostumados.
Compreendendo o Método
Antes de mais nada, precisamos ter cuidado quando usamos o nome método, pois pode sim remeter ao conceito estudado e explorado por Edgar. Vamos com calma. Quando estamos falando de método relacionado ao material científico, estamos falando de método e metodologia científica. Lembre-se então que método é uma palavra que será plural no sentido conceitual. Por exemplo, posso desenvolver um método específico para academia, um método específico para um tratamento, ou um método específico para treinamentos diversos. O método se refere, em seu conceito mais simplório, a um formato de execução. Portanto, método nada mais é do que o formato de execução e, nesse formato, mapeamos processos e seguimos.
Exemplos de Métodos
Por exemplo, eu vou fazer um treino para desenvolver massa muscular. Na parte 1, eu vou fazer isso; na parte 2, vou fazer aquilo; na parte 3, vou fazer aquilo na alimentação. Assim, você vai desenvolvendo um caminho a seguir. Métodos são caminhos que são sistemáticos. Quando falamos de metodologia científica, também não foge muito disso. Se pensarmos no conceito da palavra, o que é o método? Vamos fazer um exercício de reflexão filosófica para compreender o método. Nada mais é do que você demonstrar sistematicamente, passo a passo, o que você vai fazer para desenvolver sua pesquisa.
Metodologia Científica
Infelizmente, nossos professores de metodologia científica não são especialistas em método de pesquisa. Como assim? Deixe-me contar um segredo: metodologia científica é algo que ninguém faz faculdade para trabalhar especificamente com isso. A pessoa faz direito e, depois, vai fazer um mestrado em direito e um doutorado em direito. Ela não fez uma capacitação ou não tinha como objetivo dar aula de metodologia científica. A pessoa faz nutrição, faz mestrado na área de saúde ou educação. Enfim, nenhuma das formações é voltada à investigação de método.
Professores e Metodologia Científica
Então, a maioria dos professores, mesmo sendo doutores, aprendem métodos específicos de acordo com sua própria experiência. Aí, um belo dia, esse professor vai querer dar aula. Ele se inscreve como professor substituto ou faz algum processo seletivo. E sabe o que acontece? Todo mundo joga o professor para metodologia de pesquisa. Metodologia de pesquisa é tão deixada de lado no Brasil que foi uma das primeiras matérias a serem oferecidas em EAD. Inclusive, eu mesma fui convidada para gravar uma sequência de aulas de metodologia para atender todos os cursos.
Conceitos e Confusões
Esse certo desprezo pela metodologia científica faz com que os alunos se prendam e fiquem angustiados, pois serão arguidos e precisarão entender um pouco de metodologia científica. Lembre-se de que esse professor que foi levado a dar aula de metodologia científica enfrenta um desafio. O que ele faz? Conceitos. Ele pega um livro, como o do Antônio Joaquim Severino, que é famoso e tem muitas edições. Ele pega uma série de conceitos, como qualitativo, quantitativo, método indutivo, método dedutivo, triangulação de dados, e começa a deixar o aluno mais louco ainda.
Problemas na Abordagem
Isso ocorre porque nem o professor sabe o que está falando. Ele faz uma lista de conceitos e joga conceitos sem o exercício da reflexão. É muito interessante quando pego um artigo científico. A pessoa fica tão preocupada com a metodologia que escreve bobagens. “Segundo Fulano, pesquisa exploratória, pesquisa isso, pesquisa aquilo, método indutivo, método dedutivo” sem entender o que está fazendo na produção da pesquisa.
Foco na Pesquisa
A primeira coisa que você tem que pensar ao falar de metodologia científica, antes de decorar esses nomes, é pensar pura e simplesmente na sua pesquisa e nos processos, nos passos que essa pesquisa vai seguir. Por exemplo, digamos que você queira investigar pessoas. Quero entrevistar pessoas. Então, quais são essas pessoas? Onde estão essas pessoas? Que tipo de ferramenta vou usar para fazer a entrevista? Será câmera? Não será câmera? Será por computador? Como vou fazer essa entrevista? Onde vou encontrar essas pessoas?
Planejamento e Execução
Depois, como vou descrever esses dados? Vou ouvir e transcrever? Vou colocar em algum programa? E depois de transcrever essa entrevista, como vou analisar? Mas antes, tenho que pensar: será um questionário? De onde virá esse questionário? Como vou ter certeza de que essas perguntas são validadas? Ah, vou testar em seres humanos? Preciso do comitê de ética? Pense em todo o processo que você vai fazer para sua pesquisa. Isso é o que você tem que pensar. Depois, você se preocupa com os nomes. Primeiro, saiba quais são os processos exatos.
Detalhamento da Pesquisa
Digamos que não haja entrevista. Estou fazendo uma tese, mas vou analisar documentos. Que tipo de documento? Onde vou pegar esses documentos? Como vou analisar? Olho e analiso da minha cabeça ou a partir de uma perspectiva? Posso, por exemplo, pegar um documento e ver a análise do discurso ou o conteúdo. Note que há uma diferença entre discurso e conteúdo. Falaremos disso em outro vídeo. O importante é pensar nos detalhes certinhos da sua pesquisa. No projeto, você olha todos esses passos. Pode haver intercorrências, como na pandemia, mas a metodologia feita com exatidão se transforma em uma receita. Depois, é só seguir.
Visualizando o Processo
É importante visualizar e perder tempo refletindo sobre todos os detalhes da pesquisa. Se vai analisar documentos, de onde são esses documentos? São de acesso aberto? Vai analisar a partir de uma perspectiva? Qual? É um conceito, uma teoria, um relato de experiência? Quem será seu público? Pode fazer isso livremente? Precisa de um comitê de ética? Todo esse processo precisa ser especificado no método. Depois de entender os processos, você procura um nome. “Vou entrevistar pessoas do meu trabalho. Qual o termo? Qual é a amostra? É qualitativa? Estudo de caso? Qual o nome disso?” Então, você procura na literatura.
Execução Prática
Se ficar preso a nomes e variáveis de metodologia, ficará louco. Existem muitos métodos e variáveis. Por exemplo, a análise de conteúdo de Bardin, a teoria histórico-cultural, ou o método de Mohan. São muitas variáveis metodológicas. O importante é estabelecer quais são os processos e passos detalhados que você vai seguir. Vai gastar com transporte? O processo é exequível? Esse exercício de mapear processos mostra a exequibilidade da pesquisa. Pesquisadores às vezes propõem coisas impossíveis. Esse exercício estabelece parâmetros claros e comprova a exequibilidade da pesquisa.
Justificativas e Qualidade
Ontem mesmo, falei com um aluno cuja banca acusou que o tema era muito trabalhado. No entanto, investiguei e vi que, pelo contrário, era carente. O método, nesse caso, justificou a qualidade do material e a certeza do pesquisador. Se ele tivesse feito isso antes, teria justificado na hora. “Não, foi feito um estado da arte, investigado em x, y, z, comprovado que não.” Assim, a pesquisa científica tem caráter de método para comprovar qualidade e lógica do estudo. Portanto, espero ter ajudado. Um grande abraço e até mais.